Minha estratégia de estudos, e porque ela funcionou

Por Iuri Quadros – Advogado da União, coordenador e professor do Grupo Cereja

Esse artigo não pretende vender uma fórmula mágica, muito menos se qualificar como único caminho para o sucesso (não tem “colti” por aqui). No entanto, sem dúvidas, é um caminho racional. É o caminho que me levou à aprovação, de forma relativamente célere, sobretudo para quem chegava do escritório e, só então, iniciava sua verdadeira jornada de trabalho.

Em português claro, quando se estuda para concurso, evidentemente, nosso objetivo (ao menos imediato) é acertar questões de prova, em máxima escala. Desse modo, nada mais natural do que pautar sua estratégia geral de estudos pelo conteúdo dessas questões. Vou explicar.

Considerando todos os concursos de advocacia pública, e isso se aplica tanto em relação a certames cuja primeira fase é objetiva, como para concursos que, já na primeira fase, exploram questões subjetivas, há, basicamente, três espécies de questões de prova:

  • Questões fundadas em doutrina/conhecimento sistematizado
  • Questões fundadas em letra de lei
  • Questões fundadas em jurisprudência

Acredite: as questões de concurso são extraídas dessas três fontes. Assim, tudo que você vai encontrar pela frente no dia da sua prova terá origem em um dos três pilares acima citados.

Diante disso, nada mais natural que formar rotina de estudos que abranja, de forma equilibrada, os três aspectos acima. Isso é óbvio? Talvez o conceito pareça óbvio, mas a prática demonstra o contrário.

Reparem que utilizei a expressão “de forma equilibrada”: é aqui que mora o problema. Muitos candidatos (eu comecei assim) iniciam sua trajetória acreditando que a doutrina é o caminho para o sucesso. Compram 3 livros de cada disciplina e passam à leitura incessante de cada um deles. A prova começa, e a primeira questão tem por objeto o informativo divulgado no fim de semana anterior, ou aquele artigo da CRFB/88 dificílimo de decorar (por vezes, será necessário decorar, acostume-se com isso).

Porém, ao mesmo tempo, decorar, por si só, não te levará a lugar algum, simplesmente porque haverá uma infinidade de artigos passíveis de incidência nas questões, somando CRFB/88, CC/02, CPC, CTN, leis esparsas e etc. A tarefa é, portanto, impossível, sem que se proceda à sistematização do conhecimento.

Chegamos, então, à parte em que eu pessoalizo esse texto. Como eu fiz isso, a partir de que momento saí do caminho que não funcionava para mim e passei àquele que funcionava? Quando defini uma ordem lógica a ser seguida, nos moldes descritos abaixo:

1º passo – Confeccionei meu material de base de todas as disciplinas, assisti a aulas dos melhores professores e montei os meus próprios cadernos no computador, escritos com a minha linguagem e passíveis de atualização. Além disso, transcrevia no próprio caderno os dispositivos de lei citados. Percebam que, aqui, de uma só vez, eu unia estudo sistematizado de qualidade e letra de lei, porque lia os artigos já transcritos a cada vez que revisava meus cadernos.
2º passo – Construída a base, passei a decorar com mais facilidade os dispositivos de lei seca, simplesmente porque passei a compreender o conteúdo da maior parte deles. Diante disso, dividia os diplomas legais semanalmente e exigia que, ao fim de uma semana, houvesse finalizado a leitura de um deles (Exemplo: Essa semana vou estudar direito civil, e, dentre minhas tarefas da semana, estará a leitura COMPLETA do CC/02).
3º passo – Reservava fins de semana ao estudo da jurisprudência, por considerar a parte mais palatável do estudo. Acumulava informativos (enquanto estudava letra de lei e relia incessantemente meus cadernos no decorrer das semanas) e, quando atingia aproximadamente sete informativos acumulados de cada tribunal, procedia à leitura dos sete.

Assim, mantive a roda girando, contemplando, de forma simultânea, todos os pilares fundamentais que constituem origem das questões cobradas em concurso público, e é precisamente por isso que o método foi perfeito para meus objetivos.

Porém, também é preciso testar a metodologia e compreender de que maneira os temas são cobrados. Por isso, após adaptação completa à rotina que havia montado, inseri simulados no meu planejamento, fazia questões de prova e anotava que espécies de questões eu errava mais (Letra de lei, doutrina/conhecimento sistematizado ou jurisprudência) e, evidentemente, reforçava o estudo sobre o que eu mais errava.

Aos poucos, fiquei blindado contra diversos tipos de questões de prova e passei a me classificar para a segunda fase em quase todos os certames. Bastou manter o método com resiliência, e as aprovações apareceram, dentre elas, a que me permitiu ingressar na carreira almejada: a Advocacia-Geral da União.

Espero que esse artigo tenha alcançado seu humilde objetivo: servir como um norte para quem está começando, ou para quem já começou, mas acredita que não está na trilha correta. Contem conosco!

Forte abraço.

Grupo Cereja

Autor : Iuri Quadros